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Conheça os gaúchos que já foram indicados ao Prêmio Nobel

Gaúchos estão entre os brasileiros lembrados pela Academia Sueca — um na diplomacia e outro na literatura.

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06/10/25

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18:13

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Prêmio Nobel (Foto: Clément Morin/Nobel Prize Outreach ©)

Hoje, 6 de outubro, quando o mundo volta os olhos para o anúncio dos laureados do Prêmio Nobel de 2025, a produção do Redação RS fez uma pesquisa detalhada para relembrar os gaúchos que já estiveram entre os indicados à maior honraria mundial em suas áreas: o diplomata Oswaldo Aranha e o escritor Érico Veríssimo.

Oswaldo Aranha: indicado ao Nobel da Paz, em 1948

Natural de Alegrete, Oswaldo Aranha (1894–1960) foi uma das figuras mais influentes da diplomacia brasileira no século XX. Ministro das Relações Exteriores, embaixador do Brasil nos Estados Unidos e presidente da II Assembleia-Geral da ONU, Aranha teve papel fundamental na aprovação do plano de partilha da Palestina, em 1947, que resultou na criação do Estado de Israel.

Pelos seus esforços diplomáticos e pela defesa da cooperação internacional, Aranha foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz em 1948. A candidatura contou com o apoio de 15 delegações de países da União Pan-Americana e de entidades sionistas norte-americanas.

Naquele ano, o prêmio não foi concedido a ninguém — mas o nome do brasileiro ficou registrado entre os candidatos reconhecidos por sua atuação em prol da paz mundial.

Érico Veríssimo: indicado ao Nobel de Literatura, em 1968

De Cruz Alta, Érico Veríssimo (1905–1975) é um dos maiores nomes da literatura brasileira. Autor da monumental trilogia “O Tempo e o Vento”, entre outras obras marcantes como Incidente em Antares e O Senhor Embaixador, Veríssimo foi responsável por projetar a literatura gaúcha para leitores de diversos países.

Em 1968, seu nome foi indicado ao Prêmio Nobel de Literatura. A nomeação reconhecia sua habilidade em retratar a formação histórica e cultural da época e sua contribuição para o pensamento humanista no século XX.

A produção do Redação RS apurou documentos do acervo do escritor que incluem uma carta datilografada com correções à mão, na qual Veríssimo agradece pela indicação, mas se mostra surpreso: naquele período, ele estava focado na escrita do segundo tomo de suas memórias, Solo de Clarineta II, e acompanhava apenas o básico das notícias pelo rádio e televisão.

Carta de agradecimento de Erico ao Pen Clube de Sao Paulo Fonte Acervo Carla Mussoline
Carta de agradecimento de Érico ao Pen Clube de São Paulo (Fonte: Acervo – Carla Mussoline)

Na carta, o autor reconhece a honra de ser lembrado, mas afirma que, em sua opinião, a obra não merecia “o mais alto prêmio literário do mundo”, destacando também outros grandes escritores brasileiros e estrangeiros que não receberam a premiação, como Aldous Huxley, cujas traduções ele havia publicado. Esse registro revela a humildade e o rigor crítico de Veríssimo, além de contextualizar sua relação com o prêmio e o cenário literário da época.

O legado dos gaúchos no Nobel

Embora nenhum brasileiro tenha conquistado oficialmente um Prêmio Nobel até hoje, as indicações de Oswaldo Aranha e Érico Veríssimo mostram a relevância do Rio Grande do Sul no cenário intelectual e político internacional.

Aranha representou o país nas discussões globais sobre diplomacia e paz; Veríssimo, na construção de uma identidade literária reconhecida mundialmente.

A pesquisa realizada pela Redação RS reuniu informações de arquivos históricos, registros da Fundação Nobel e do Instituto Força e Luz, além de reportagens de época para reconstruir as trajetórias desses dois nomes que levaram o Rio Grande do Sul a figurar entre os indicados ao prêmio mais prestigiado do planeta.

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