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Cirurgia para tratar doença rara e fatal é feita no Hospital de Clínicas de Porto Alegre pelo SUS

O hospital é o único da Região Sul do Brasil que realiza a tromboendarterectomia pulmonar.

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11/12/25

às

15:26

hospital de clinicas porto alegre

Foto: Robson da Silveira SMS / PMPA

O Hospital de Clínicas de Porto Alegre é um dos principais hospitais do Brasil a realizar cirurgia pelo SUS (Sistema Único de Saúde) para tratar uma doença rara e fatal.

“A combinação de duas modalidades de tratamento tem ajudado portadores de uma doença grave e subdiagnosticada a encontrarem a cura”, ressaltou o hospital.

O Hospital de Clínicas de Porto Alegre é um dos três centros brasileiros, e o único na Região do Sul do País, a realizar a tromboendarterectomia pulmonar para tratar pacientes de hipertensão pulmonar tromboembólica crônica, que pode levar à morte se não for tratada a tempo.

A hipertensão pulmonar tromboembólica crônica é caracterizada pela formação de coágulos rígidos que dificultam a passagem do sangue no pulmão, causando falta de ar, cansaço e dor no peito.

“Por outro lado, as artérias que não estão comprometidas acabam sobrecarregadas, porque recebem mais sangue. O tratamento com medicamentos ajuda a pressão nas artérias pulmonares. Mas as que estão entupidas só podem ser abertas mecanicamente, com a cirurgia”, explicou o hospital.

Segundo o hospital, o procedimento começa nas artérias pulmonares maiores, cortando internamente a parede destes vasos sanguíneos para remover os coágulos. Nas artérias com calibre menor, são realizadas sessões de angioplastia pulmonar.

“É como um tronco de árvore com vários galhos, uns mais grossos e outros mais fininhos. A cirurgia desobstrui os galhos maiores, ou melhor, as artérias maiores. E a angioplastia pulmonar, por cateterismo, abre os vasos menores”, disse o médico do Serviço de Cirurgia Torácica, William Lorenzi.

Conforme o hospital, a cirurgia para desobstruir as artérias pulmonares é um procedimento extremamente delicado, que só pode ser feito sem o sangue circulando no pulmão.

Durante a maior parte da cirurgia, utiliza-se um equipamento de circulação extracorpórea (Ecmo). Mas no momento da retirada dos coágulos é necessário provocar uma parada circulatória, induzindo-se uma hipotermia profunda no paciente.

“Ele é então reaquecido e novamente resfriado, para que o outro pulmão seja tratado. Existe risco de sangramento e de inflamação do pulmão”, completou o hospital.

Treinamento

A implantação na rotina do hospital foi possível pela formação e treinamento de uma equipe multidisciplinar, que além das especialidades médicas (Pneumologia, Cirurgia Torácica, Cardiologia, Anestesiologia, Medicina Intensiva e Radiologia) envolve profissionais da Enfermagem, Fisioterapia, Farmácia, Nutrição e Psicologia e um profissional perfusionista, que opera a circulação extracorpórea.

O hospital afirma que o grupo vem trabalhando em conjunto e obtendo a expertise para lidar com os casos. O pneumologista Marcelo Gazzana, que lidera o ambulatório de hipertensão pulmonar do hospital, cita outros motivos para a incorporação da cirurgia no Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

“O treinamento do corpo clínico no Hospital Marie Lannelongue, referência em tromboendarterectomia na França, permitiu oferecer esse procedimento para os usuários do Sistema Único de Saúde. Também já tínhamos a tradição de cuidar de pacientes com embolia pulmonar ”, destacou.

Desde 2023 foram realizados 32 procedimentos no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, em pacientes de 23 a 74 anos.

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