A produção leiteira no Rio Grande do Sul enfrentou impactos significativos durante o outono de 2025 devido às condições climáticas adversas em março, segundo levantamento divulgado pela Seapi (Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação).
“O estudo utilizou o Índice de Temperatura e Umidade (ITU) para avaliar o conforto térmico dos bovinos leiteiros e estimar as perdas na produtividade associadas ao estresse térmico, entre março e maio deste ano”, disse a Seapi.
Segundo o levantamento, março deste ano foi marcado por uma intensa onda de calor, com temperaturas médias diárias acima de 30°C em várias regiões do Estado.
“Essa combinação de calor e umidade acionou mecanismos fisiológicos de termorregulação nas vacas, desviando energia da produção de leite para a manutenção da temperatura corporal”, disse a pesquisadora e veterinária Adriana Tarouco, uma das autoras do estudo e integrante do DDPA/Seapi.
Conforme a Seapi, nas cidades de Uruguaiana e Maçambará, o estresse térmico severo se manteve por mais de 13% do tempo. No total, 76% dos 25 municípios monitorados apresentaram situações críticas de calor, em março.
Queda de até 24% na produção
Segundo a Seapi, em março, a produção diária de leite pode ter caído até 24% nas vacas de maior rendimento, especialmente nas regiões mais atingidas pela onda de calor.
Em contrapartida, o município de Vacaria, na Serra Gaúcha, não apresentou perdas em maio, refletindo temperaturas mais amenas e condições de umidade favoráveis. Já com a chegada de massas de ar frio em abril e maio o cenário melhorou, as temperaturas oscilaram entre 15°C e 25°C, e a umidade relativa variou entre 64% e 91%.
Os bovinos permaneceram, em média, 89,5% do tempo em conforto térmico em abril e 92% em maio, segundo o ITU. “Essas condições climáticas foram mais compatíveis com o bem-estar dos animais, permitindo recuperação gradual da produtividade leiteira”, analisa Adriana.