A Seapi (Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação) informou que mais dois focos de raiva herbívora foram identificados no Rio Grande do Sul.
De acordo com a Seapi, os focos foram localizados na Região Norte do Estado. “Foram identificados dois focos de raiva herbívora no município de Erval Grande, na região de Erechim. A doença tem como vetor de transmissão o morcego hematófago ou morcego vampiro. Ambos os focos se concentram na mesma região da linha Caruso, próxima à divisa com o estado de Santa Catarina”, afirmou.
De acordo com o médico veterinário, fiscal estadual agropecuário e coordenador estadual do Programa de Combate à Raiva dos Herbívoros da Seapi, Wilson Hoffmeister Júnior, atualmente existem 72 focos ativos no Rio Grande do Sul.
“E os focos em todo o Estado estão sendo trabalhados exatamente da mesma maneira pelas inspetorias veterinárias locais, pelos núcleos de controle da raiva de cada jurisdição gaúcha. Contamos com o apoio do produtor rural para realizar a vacinação e na busca ativa por novos refúgios”, ressaltou Hoffmeister
Hoffmeister afirma que o Rio Grande do Sul tem focos importantes na região da Fronteira Oeste (Alegrete e Cacequi), alguns focos nas Missões (Caibaté, São Miguel das Missões e São Luiz Gonzaga), na Região Metropolitana e na subida da Serra, bem como na região Central do Estado, próximo à Quarta Colônia, e também na Região Sul (Camaquã e Chuvisca).
Raiva herbívora
Segundo a Seapi, a raiva herbívora não tem cura e é transmitida entre os morcegos em suas próprias colônias, que eventualmente contaminam bovinos, equinos, suínos e ovinos. A transmissão da doença ocorre quando os morcegos tentam se alimentar do sangue desses animais e causam lesões em seus couros, os deixando suscetíveis a desenvolverem a raiva.
O médico veterinário e fiscal estadual agropecuário da Inspetoria de São Valentim e do Núcleo de Controle de Raiva Herbívora e Combate ao Morcego Hematófago, André Luiz Trierweiler, explica que uma vez que o animal tenha contraído a doença, ele terá alterações no comportamento, se tornando mais inquieto e desenvolvendo uma dificuldade de convivência com outros animais e, eventualmente, a inquietação pode se tornar agressividade.
Nos estágios finais, o animal desenvolve um quadro de paralisia muscular, que começa nos membros posteriores e evolui para o resto do corpo, chegando aos sistemas de deglutição e respiratório.
O veterinário chama atenção para a prevenção por meio da vacinação. “A lista de casas pecuárias habilitadas para a vacinação dos animais pode ser encontrada nas inspetorias veterinárias”, disse.
Trierweiler também solicita o apoio de produtores rurais que conseguirem identificar locais com a presença do morcego hematófago.
“O animal não consegue conviver com seres humanos e, por isso, são comumente encontrados abaixo dos forros das casas, fendas de pedra, ocos de árvore e em outros locais escuros e abandonados. Além disso, por se alimentarem apenas de sangue, é possível identificar o morcego através das fezes, que tem um cheiro extremamente incômodo em decorrência do sangue em apodrecimento e porque brilham levemente em contato com a luz de uma lanterna”, ressaltou.
Trierweiler chama atenção para os produtores rurais terem cuidado ao lidarem com os morcegos, já que a doença pode ser transmitida para humanos.