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Na Expointer, produtores entregam manifesto pela viabilidade da produção orgânica de uva

O documento alerta para a redução de pelo menos 50% na produção de uvas orgânicas no Estado.

Avatar de Vitor de Arruda Pereira

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04/09/25

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13:35

Atualizado em: 04/09/2025 às 13:41

documento

Hélio Marchioro (D), da Fecovinho e Consevitis-RS, entrega manifesto ao titular da Superintendência de Agricultura e Pecuária do Estado, José Cleber Dias de Souza. Foto Diego Adami/Divulgação

A produção orgânica de uva, vinhos e suco de uva no Rio Grande do Sul foi tema de um manifesto entregue durante a Expointer 2025, em Esteio.

O documento, elaborado por produtores e agroindústrias vitivinícolas, foi apresentado pelo diretor-executivo da Federação das Cooperativas Vinícolas do Rio Grande do Sul (Fecovinho) e conselheiro do Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Consevitis-RS), Hélio Marchioro, ao titular da Superintendência de Agricultura e Pecuária do Estado (SFA/RS), José Cleber Dias de Souza.

O texto do documento alerta para a redução de pelo menos 50% na produção de uvas orgânicas nos últimos cinco anos no Rio Grande do Sul. “Resultado do aumento da burocracia, de condicionamentos legais considerados inadequados e de entraves no processo de certificação”, ressaltou.

Esse cenário, segundo os produtores, tem desestimulado a permanência de agricultores no sistema orgânico, diminuindo a oferta de produtos e elevando os preços ao consumidor.

O documento é considerado um chamado urgente à construção de políticas públicas que garantam a sustentabilidade da viticultura orgânica.

“Sem ajustes nas regras e maior apoio institucional, o setor corre risco de perder ainda mais produtores e comprometer a oferta de alimentos que têm papel fundamental para a saúde, o meio ambiente e a agricultura familiar”, destacou Marchioro, que também é vitivinicultur orgânico em Pinto Bandeira, na Serra Gaúcha.

Entre os principais problemas relatados estão:

  • Atrasos na emissão e renovação de certificados, que prejudicam a comercialização e geram insegurança ao mercado;
  • Exigências documentais excessivas e repetitivas, além de desorganização nos processos das certificadoras;
  • Restrições ao uso de bordaduras para proteção contra deriva de agroquímicos, inviabilizando pequenas propriedades na Serra Gaúcha;
  • Divergências entre certificação participativa e por auditoria, que criam desigualdade de critérios;
  • Falta de conhecimento técnico de alguns auditores sobre a cultura da videira;
  • Limitações no uso de insumos, sementes, mudas e equipamentos, que dificultam a viabilidade econômica do sistema.

O manifesto apresenta ainda uma série de propostas ao Ministério da Agricultura e Pecuária e ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, entre elas:

  • Renovação dos certificados em tempo hábil;
  • Redução da burocracia e maior uniformidade nos processos de certificação;
  • Revisão das regras sobre bordaduras em pequenas propriedades;
  • Exigência de auditores com conhecimento em viticultura;
  • Autorização para uso de insumos como metabissulfito de potássio e ácido nítrico;
  • Agilidade na autorização de sementes e mudas convencionais para sistemas em conversão;
  • Cadastramento de áreas de produção orgânica como cultivo sensível, compartilhando responsabilidades de mitigação de riscos;
  • Apoio a pesquisa, assistência técnica e difusão de tecnologias;
  • Criação de políticas públicas específicas de incentivo e crédito diferenciado;
  • Divulgação dos benefícios sociais, ambientais e de saúde dos alimentos orgânicos;
  • Criação de uma linha de residência agrícola voltada à agroecologia.

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