No inverno, cresce a incidência de deficiências nutricionais silenciosas, como a carência de vitamina D e os quadros de anemia.
A diminuição da exposição solar, essencial para a síntese da vitamina D, aliada ao consumo insuficiente de alimentos ricos em ferro e nutrientes essenciais, agrava o problema. De acordo com dados do Ministério da Saúde, mais de 20% da população brasileira apresenta níveis insuficientes de vitamina D, sendo a Região Sul a mais afetada, em razão das temperaturas mais baixas e menor incidência solar.
A anemia também apresenta números preocupantes, já que se estima que um em cada cinco brasileiros conviva com a condição, muitas vezes sem diagnóstico. Segundo o responsável técnico e especialista em bacteriologia do LANAC – Laboratório de Análises Clínicas, Marcos Kozlowski, o inverno cria um cenário propício para o agravamento dessas condições.
“Nos meses mais frios, as pessoas tendem a evitar ambientes externos, reduzindo drasticamente a exposição ao sol, que é fundamental para a produção de vitamina D pelo organismo. Essa deficiência pode comprometer o sistema imunológico, aumentar o risco de infecções respiratórias e agravar quadros de osteoporose”, explica.
Já a anemia, causada principalmente pela falta de ferro, vitamina B12 ou ácido fólico, também encontra terreno fértil nesta época do ano. “O cansaço constante, a palidez, a queda de cabelo e a falta de concentração são sinais que não devem ser ignorados. Muitas vezes, o paciente acha que é apenas cansaço do dia a dia ou frio, mas pode ser anemia”, alerta Kozlowski.
O especialista reforça que a prevenção é a chave, sendo que no caso da vitamina D, além de aproveitar os momentos de sol do dia, é possível suplementar com orientação médica. “Alimentos como peixes gordurosos, ovos e laticínios também ajudam. Já para prevenir a anemia, a alimentação deve ser rica em ferro, como carnes vermelhas, vegetais verde-escuros e leguminosas, e associada à vitamina C, que potencializa a absorção”, orienta.
Exames que fazem a diferença
Para um diagnóstico preciso, Kozlowski recomenda exames laboratoriais regulares, especialmente durante o outono e inverno, quando os riscos de deficiência nutricional aumentam.
“É importante realizar testes específicos que medem os níveis de vitamina D no sangue. Com esse resultado, o médico pode indicar se há necessidade de suplementação ou ajuste alimentar”, explica.
No caso da anemia, o hemograma completo é o exame de base, que permite identificar se há queda nos níveis de hemoglobina, hematócrito e glóbulos vermelhos. “Além do hemograma, realizamos exames complementares como a dosagem de ferritina, ferro sérico, transferrina, vitamina B12 e ácido fólico, fundamentais para determinar o tipo de anemia e orientar o tratamento mais adequado”, detalha Kozlowski.
O especialista reforça que a detecção precoce é essencial para evitar complicações mais graves, como fadiga crônica, redução da imunidade e, em casos extremos, danos neurológicos. “Exames simples e acessíveis podem prevenir consequências sérias. Por isso, é recomendável fazer um check-up anual ou sempre que surgirem sintomas persistentes, como cansaço excessivo, dores musculares, dificuldade de concentração e queda de cabelo”, conclui.
Prevenção da deficiência de vitamina D
1 – Exposição solar diária: tomar sol por pelo menos 15 a 20 minutos ao dia, de preferência nos horários entre 10h e 15h, com braços e pernas expostos (sem protetor solar nesse período).
2 – Alimentação rica em vitamina D: incluir peixes gordurosos (salmão, sardinha, atum), ovos (gema), fígado, leite e derivados fortificados.
3 – Suplementação, se necessário: em casos de deficiência confirmada por exames, seguir orientação médica para suplementar com vitamina D3.
4 – Acompanhamento médico e laboratorial: realizar exames periódicos para monitorar os níveis da vitamina, especialmente no inverno.
Prevenção da anemia (por deficiência de ferro, B12 ou ácido fólico)
1 – Dieta balanceada e rica em ferro: consumir carnes vermelhas, fígado, feijão, lentilha, grão-de-bico, espinafre, couve e outras folhas verde-escuras.
2 – Associar vitamina C às refeições: laranja, limão, acerola ou outros alimentos cítricos ajudam na absorção do ferro.
3 – Evitar excesso de cafeína nas refeições: café, chá preto e refrigerantes podem dificultar a absorção de ferro.
4 – Incluir alimentos ricos em B12 e ácido fólico: carnes, ovos, leite, folhas verdes, frutas cítricas e cereais fortificados.
5 – Reposição com orientação médica: em casos de deficiência diagnosticada, pode ser necessário suplementar com ferro, B12 ou ácido fólico.
6 – Exames periódicos: fazer hemograma completo e outros exames para detectar a anemia antes que ela se agrave.