,

Férias escolares: Como equilibrar o tempo de uso de telas e os momentos em família

Especialistas destacam que a solução é um acesso às telas de forma monitorada.

Avatar de Redação RS

|

06/01/25

às

14:58

internet

Foto: Freepik

O uso excessivo das telas na infância é motivo de preocupação entre as famílias. Dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) Tecnologia da Informação e Comunicação, divulgada em agosto pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostra que 84,2% das crianças de 10 a 13 anos no país têm acesso à internet.

Durante as férias escolares, sem a obrigatoriedade das aulas e deveres de casa, o acesso ao mundo virtual pode ser ainda maior. Pesquisas indicam que o hábito traz benefícios e malefícios para crianças e adolescentes.

Segundo a SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), a conectividade pode auxiliar os pequenos a se desenvolverem melhor na sociedade, já que permite o apoio educacional, social e de lazer.

Entretanto, um estudo feito pela Faculdade de Medicina da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) destaca que o uso de telas em excesso pode ser prejudicial. Do total de crianças avaliadas, 72% tiveram o aumento da depressão associado ao uso de telas, apresentando também uma diminuição do quociente de inteligência (QI).

Especialistas orientam pais e responsáveis

Especialistas destacam que a solução é um acesso às telas de forma monitorada, de forma que os pais consigam acompanhar o tempo e o uso que as crianças fazem no ambiente virtual. Esse tipo de medida minimiza os malefícios e reduz os índices de crimes cibernéticos contra crianças e adolescentes.

Segundo a psicóloga clínica, Beatriz Brandão, o uso excessivo das telas durante as férias escolares pode afetar a saúde mental de crianças e adolescentes. A profissional explica que a falta de rotina pode contribuir para comportamentos compulsivos que dificultam a interação familiar, gerando impactos como isolamento social, piora da autoestima devido à comparação com padrões irreais disseminados nas redes e aumento da ansiedade e da irritabilidade.

A psicóloga clínica e neuropsicóloga, Andreza Thans, alerta que a exposição prolongada a telas também pode trazer impactos nas habilidades cognitivas. No período das férias, o uso de celulares e outros dispositivos eletrônicos tende a ser maior e sem atenção dos pais.

Dessa forma, os pequenos podem desenvolver falta de concentração e dificuldades para memorizar, além de reduzir o tempo com atividades criativas essenciais para o desenvolvimento cognitivo.

Há, ainda, os perigos digitais. Beatriz explica que na internet as crianças podem estar expostas a cyberbullying, exposição a conteúdos impróprios e grooming (aliciamento on-line). A psicóloga aponta que todos esses fatores podem causar ansiedade, baixa autoestima, medo constante e até traumas psicológicos.

Recomendações

De acordo com Andreza, o tempo de tela ideal pode variar, mas as recomendações gerais podem guiar pais e cuidadores. Para crianças de até 2 anos, a orientação é evitar o uso de telas, pois a interação humana direta é primordial nessa fase.

Entre os 3 e 5 anos, a orientação é limitar o uso a uma hora por dia, com foco em conteúdos educacionais, sempre com supervisão. Já as diretrizes para as crianças com 6 anos ou mais, é o uso de, no máximo, duas horas por dia, sendo essencial balancear com atividades físicas e interações sociais.

Na avaliação de Beatriz, o olhar atento de pais e responsáveis é fundamental para identificar se o acesso às telas está prejudicando o bem-estar emocional das crianças. Mudanças de humor, dificuldade de concentração, alteração do sono, queda no desempenho escolar, perda de interesse em atividades off-line e comportamento compulsivo são sinais a serem observados.

Beatriz dá dicas para os pais abordarem o uso consciente da internet com as crianças. A forma mais eficaz, de acordo com a especialista, é utilizar uma linguagem apropriada para a idade, focando em exemplos concretos e práticos.

Além disso, é importante enfatizar a relevância da segurança e da confiança, permitindo que as crianças compartilhem dúvidas e experiências.

Tópicos