A Mapzer, empresa especializada em monitoramento urbano, realizou um levantamento sobre o abandono de animais no Brasil.
Utilizando inteligência artificial e visão computacional, a startup mapeou 62.847 cães e gatos vivendo nas ruas de 15 municípios nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás, Espírito Santo e Sergipe. O estudo revela a dimensão do problema e aponta como a tecnologia pode ser uma aliada na busca por soluções mais eficientes.
O sistema da startup captura imagens em alta resolução por meio de veículos equipados com sensores inteligentes, identificando automaticamente animais abandonados e outras 32 irregularidades urbanas, como descarte irregular de lixo e falhas na sinalização viária.
Os dados são enviados em tempo real para um software acessado por gestões municipais, facilitando a tomada de decisões e permitindo respostas mais rápidas e estratégicas.
“Para nós, a aplicação de IA no mapeamento de animais abandonados é mais do que uma ferramenta de coleta de dados, trata-se de uma forma de contribuir com o bem-estar animal e auxiliar na construção de cidades mais humanas e conscientes”, ressalta Paulo Machado, diretor executivo da Mapzer.
A identificação de animais abandonados por meio de tecnologia de ponta permite que municípios tenham dados precisos sobre onde estão os pontos mais críticos de abandono.
Essa informação possibilita a criação de ações mais eficazes, como campanhas de castração, resgates direcionados e a intensificação da fiscalização contra maus-tratos.
Além disso, o uso da inteligência artificial reduz a dependência de levantamentos manuais, tornando o processo mais rápido e abrangente.
Cenário
A pesquisa acontece em um cenário preocupante. Segundo o Instituto Pet Brasil, cerca de 4,8 milhões de cães e gatos vivem em condições de vulnerabilidade no país, muitos deles vítimas de abandono.
O tema ganhou força em março de 2024, quando o Senado aprovou o Projeto de Lei 6.404/2019, que institui o “Dezembro Verde” — campanha nacional para conscientizar sobre o abandono de animais. A iniciativa busca reforçar que o abandono não é apenas uma questão moral, mas também uma infração passível de punição.
“A inteligência artificial tem o poder de reconfigurar a maneira como abordamos o abandono de animais. Ao integrar essa tecnologia ao processo urbano, conseguimos não apenas mapear, mas também antecipar ações preventivas, criando uma rede de proteção mais eficiente e abrangente, que pode impactar positivamente outras áreas da gestão pública”, finalizou Machado.
