Resultado de uma mobilização protagonizada pelo Rio Grande do Sul, o Ministério da Saúde aprovou a incorporação do uso da membrana amniótica no tratamento de pacientes queimados no SUS (Sistema Único de Saúde).
A decisão representa um avanço histórico para o cuidado com vítimas de queimaduras, permitindo a substituição dos curativos convencionais por um material biológico colhido durante os partos por cesariana.
Como destaca o coordenador do Banco de Tecidos da Santa Casa de Porto Alegre, Eduardo Chem, o uso da membrana amniótica, captada de forma ética e segura durante o parto, irá mudar completamente a realidade do tratamento de queimados no Brasil.
“Hoje, o nosso Banco de Tecidos consegue atender cerca de 50 pacientes por ano com pele de doadores falecidos. Com a mudança, vamos contar com uma alternativa biológica segura, de alta eficácia e ampla disponibilidade para atender toda a demanda de queimados do país, que anualmente soma mais de um milhão de casos”, explica o cirurgião plástico e uma das principais lideranças que viabilizou a aprovação.
Banco de tecidos
Criado em 2005, o Banco de Tecidos da Santa Casa é um dos quatro bancos de pele do Brasil, que juntos atendem menos de 10% da demanda nacional.
O projeto, viabilizado com o apoio da FIERGS (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul), atualmente presidida por Claudio Bier, e da REFAP (Refinaria Alberto Pasqualini), realiza a captação, processamento, controle de qualidade, armazenamento e disponibilização de pele humana alógena com finalidade de transplante.
O Banco de Tecidos integra a Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais, do Sistema FIERGS, juntamente com outros 13 Bancos Sociais. Nesse contexto, essa aprovação para o uso da membrana amniótica é um importante reconhecimento do trabalho que vem sendo realizado, demonstrando a confiança no modelo adotado e no impacto gerado.
“A aprovação é um marco histórico. Trata-se de uma técnica usada no mundo todo que, agora, finalmente será regulamentada no Brasil. É o resultado de um trabalho conjunto da Santa Casa e da Fiergs, iniciado há 20 anos, que vai beneficiar milhares de pessoas em todo o país”, ressaltou Paulo Renê Bernhard, diretor superintendente da Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais.
No Brasil, a membrana amniótica foi adotada de forma emergencial no tratamento de queimados da tragédia da Boate Kiss, ocorrida em Santa Maria, em janeiro de 2013, impulsionando a consolidação de uma rede de articulação entre instituições de saúde, entidades sociais e parlamentares.