Depois de oito meses internado na Santa Casa de Porto Alegre, sete deles aguardando por um transplante de coração, Fernando Ulguim Pereira, 52 anos, celebrou a tão sonhada alta hospitalar nesta quinta-feira (16).
O início de um novo capítulo na vida do paciente foi marcado por uma salva de palmas da equipe do hospital e o coro que repetia seu nome em homenagem à trajetória de superação.
Diagnosticado com miocardiopatia dilatada, Pereira foi internado em maio de 2024, quando entrou na lista de espera por um novo coração. Durante esse período de incertezas, ele se tornou uma voz de esperança e conscientização, participando da campanha da Santa Casa sobre doação de órgãos.
Ainda em agosto, o paciente compartilhou as emoções vividas ao encarar a espera por um recomeço, ainda sem prazo definido. “Infelizmente a minha enfermidade não tem cura, ou eu fazia o transplante ou a qualquer momento poderia acontecer algo comigo”, relembrou.
De acordo com a assessoria de imprensa da Santa Casa, o transplante aconteceu em novembro de 2024, mudando não apenas sua realidade, mas também o significado que Pereira dá à vida.
“Valeu toda a espera. Agora, é aproveitar da melhor maneira possível, fazer jus, porque quando você ganha um órgão, uma família perdeu alguém, né? Tenho o compromisso de me cuidar e valorizar esse gesto que hoje me permite voltar para casa”, destacou Pereira.
Como lembra a cardiologista Joana Junqueira, coordenadora do Serviço de Transplantes Cardíacos da Santa Casa, a primeira internação do paciente aconteceu ainda em novembro de 2023, quando ele recebeu o diagnóstico, decorrente de uma hipertensão de longa data, associada a arritmias de difícil controle.
“A partir daí foram pelo menos mais duas internações antes de maio, além de um episódio de Acidente Vascular Cerebral, até a equipe avaliar que a única alternativa seria iniciar o uso de uma medicação que melhora a força de contração do coração, mas exigia que ele esperasse pelo órgão internado”, explicou.
“Ver ele se recuperando, podendo retomar sua vida com qualidade, depois de tanto tempo, deixa toda a equipe emocionada. Não poderíamos deixar esse momento passar em branco”, frisou a médica sobre a homenagem na saída do hospital.
Laços de esperança
Entre os desafios, Pereira encontrou força na família e no apoio da equipe do hospital. Foram meses convivendo com médicos, enfermeiros, técnicos, além de toda a equipe de higienização.
“Eu tive muita sorte de estar aqui, nunca me faltou uma palavra de motivação e isso foi muito importante. Se não fosse todo esse apoio, eu acho que não teria conseguido suportar todo esse tempo”, reconheceu.
Com a alta, ele não esconde o entusiasmo em retornar para casa e abraçar a normalidade. “Vai começar a cair a ficha quando eu chegar em casa e começar a fazer as coisas que eu não conseguia fazer”, disse.
Um dos momentos que mais o emocionam é a possibilidade de acompanhar o crescimento da filha caçula, de apenas seis anos. “Agora não vou só poder participar dos 15 anos dela, como vou poder ver ela casar e viver outros momentos importantes”, celebrou.
Para o paciente, a volta ao lar é mais do que um momento de alívio: é um tributo ao poder da esperança.
“O que eu tenho feito nesses últimos dias é só agradecer, especialmente ao sim da família do meu doador. Sem isso, nada seria possível. Vou tentar aproveitar da melhor maneira possível, mas agora com a certeza de um futuro com a minha família”, disse.
Em 2024, Pereira foi um dos 454 pacientes que passaram por um transplante de órgão na Santa Casa. Ao todo, incluindo rim, pulmão, fígado e coração, a instituição realizou 25 procedimentos a mais do que em 2023.
