Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença ou enfermidade.
“Mitos sobre a saúde mental impedem que muitas pessoas procurem a ajuda de que tanto precisam. Os estigmas podem ser profundamente prejudiciais”, afirma o psicólogo Filipe Colombini.
“Cuidar da mente é, portanto, tão importante quanto cuidar da saúde física. Uma pessoa que está psicologicamente bem não deixa de sentir e experimentar emoções diárias, sejam estas boas ou ruins. Mas consegue lidar com os desafios de forma mais ponderada e harmoniosa, desenvolvendo relações sociais, familiares e profissionais mais felizes e saudáveis”, conclui o psicólogo.
A seguir, confira sete mitos e verdades sobre saúde mental explicados por Colombini:
Psicoterapia é só para quem tem um transtorno mental
MITO. A terapia é indicada como ferramenta de autoconhecimento, prevenção e fortalecimento emocional e não apenas em momentos de crise.
Pesquisas da American Psychological Association (APA) mostram que a psicoterapia é eficaz para cerca de 75% dos pacientes. Estudos também comprovam que ela pode ter resultados mais duradouros do que apenas o uso de medicação, especialmente em casos de depressão e ansiedade, porque ensina habilidades que o indivíduo leva para a vida.
Depressão é frescura ou falta de força de vontade
MITO. A depressão é uma doença séria, que envolve fatores biológicos, psicológicos e sociais. É um dos transtornos que têm maior relação com o suicídio e costuma provocar grande sofrimento, perda de energia e de interesse por parte do paciente.
Além disso, pode causar sentimentos de culpa, medo, insegurança, desesperança, desamparo, vazio e inutilidade, além de dificuldade de concentração, falta de motivação e apatia, pessimismo e baixa autoestima. É uma doença que precisa ser encarada com máxima seriedade e requer acompanhamento profissional adequado.
Falar sobre sentimentos ajuda a aliviar a dor
VERDADE. Compartilhar os pensamentos e emoções com um psicólogo, familiares ou amigos de confiança é um passo importante para reduzir o estresse emocional e encontrar caminhos de autocuidado.
Além disso, ter diferentes pessoas para conversar pode oferecer novas perspectivas sobre os problemas e ajudar a encontrar soluções, o que promove resiliência e bem-estar psicológico.
Ansiedade é normal e todo mundo sente
VERDADE. A ansiedade faz parte da vida e pode nos preparar para desafios. Porém, quando começa a prejudicar o dia a dia, causando transtornos físicos e emocionais e interferindo na qualidade de vida, é preciso buscar ajuda, que pode envolver psicoterapia e uso de medicamentos prescritos pelo psiquiatra.
Medicamentos resolvem sozinhos os problemas emocionais
MITO. Em muitos casos, a medicação é um recurso fundamental, mas ela deve ser associada a psicoterapia e mudanças no estilo de vida. Isso porque o remédio por si só não trata as causas emocionais, psicológicas e comportamentais que estão por trás do sofrimento.
A psicoterapia ajuda o paciente a compreender melhor seus sentimentos, desenvolver estratégias de enfrentamento, fortalecer a autoestima e transformar padrões de pensamento e comportamento.
Mudanças no estilo de vida como a prática de atividades físicas e um sono de qualidade, por sua vez, potencializam o tratamento e contribuem para resultados mais duradouros.
Buscar ajuda é sinal de fraqueza
MITO. Esse pensamento, além de incorreto, pode atrasar o início do tratamento e prolongar o sofrimento. Pedir ajuda é um ato de coragem e maturidade emocional.
Assim como procuramos um médico quando sentimos dor física ou apresentamos sintomas de uma doença, buscar um psicólogo é um gesto de autocuidado quando enfrentamos dificuldades emocionais, comportamentais ou relacionais.
A terapia oferece um espaço seguro para acolher sentimentos, organizar pensamentos e desenvolver estratégias de enfrentamento.
Toda terapia precisa ser realizada no consultório
MITO. Muita gente ainda acredita que o processo terapêutico só pode acontecer dentro das quatro paredes de um consultório. Na realidade, essa é uma inverdade.
Existe, por exemplo, a modalidade de Acompanhamento Terapêutico (AT), em que o profissional atua em ambientes fora do consultório, como escolas, residências ou até mesmo em espaços públicos.
O objetivo é oferecer suporte direto no cotidiano do paciente, ajudando-o a desenvolver maior autonomia, lidar com situações reais e integrar-se de forma mais saudável em seus contextos sociais. Essa prática amplia o alcance da terapia, tornando-a mais próxima da vida diária e das necessidades práticas de cada pessoa.