O Rio Grande do Sul recebeu nesta sexta-feira (10) o primeiro lote do antídoto fomepizol, utilizado no tratamento de intoxicações por metanol.
Ao todo, foram entregues 80 ampolas do medicamento ao Estado, que agora passa a contar com mais uma ferramenta para o atendimento rápido e eficaz de pacientes com suspeita de intoxicação.
O envio do antídoto foi realizado pelo Ministério da Saúde como parte de uma ação emergencial para enfrentar os casos registrados em diversas regiões do Brasil. No Rio Grande do Sul, o lote será estocado pela SES (Secretaria Estadual da Saúde) no Centro de Informação Toxicológica, que atua como referência estadual em casos de intoxicação.
Segundo a diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, Tani Ranieri, a distribuição do medicamento aos hospitais dependerá do quadro clínico e da necessidade de cada paciente. “Haverá uma avaliação criteriosa que os médicos do Centro de Informação Toxicológica irão realizar em cada caso. Teremos um veículo da secretaria à disposição para fazer o medicamento chegar ao interior ou aonde mais for necessário, o mais rapidamente possível”, afirmou.
Sobre o medicamento
O fomepizol é considerado um medicamento raro e de alto custo, sendo utilizado em casos graves de intoxicação por metanol. Sua chegada ao Brasil foi viabilizada por meio de uma negociação internacional com apoio da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) e autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Além do fomepizol, o SUS (Sistema Único de Saúde) já conta com o etanol farmacêutico como alternativa de tratamento, administrado ainda na suspeita de intoxicação. Com a incorporação do novo antídoto, o SUS amplia sua capacidade de resposta diante da emergência sanitária.
Como o antídoto age no organismo
O fomepizol é apresentado em ampolas de 1,5 mL, contendo 1 g/mL da substância ativa. O medicamento atua bloqueando uma enzima do fígado chamada álcool desidrogenase, responsável por transformar o metanol em uma substância extremamente tóxica: o ácido fórmico.
Essa transformação é o que provoca os efeitos mais graves da intoxicação, como cegueira, danos ao cérebro e até a morte. Ao impedir essa reação química, o fomepizol evita que o metanol se torne perigoso, permitindo que o corpo elimine a substância de forma segura.
Esse bloqueio é chamado de inibição competitiva, o que significa que o fomepizol “entra na frente” do metanol e impede que ele seja processado pelo organismo de maneira tóxica.