Especialista alerta para a importância do sono na saúde mental 

A privação de sono pode ser tanto um sintoma de transtornos mentais como ansiedade e depressão.

Avatar de Vitor de Arruda Pereira

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25/08/25

às

21:51

sono dormir

Foto: Divulgação

Acordar já cansado, irritado ou com dificuldade de concentração se tornou comum para muitas pessoas, mesmo após um dia aparentemente tranquilo.

O que poucos percebem é que o problema pode estar na qualidade, ou na falta, de uma boa noite de sono. Segundo a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), 72% dos brasileiros sofrem de doenças relacionadas ao sono, sendo a insônia uma das mais comuns.

Esse dado preocupa, pois a privação de sono pode ser tanto um sintoma de transtornos mentais como ansiedade e depressão, quanto um gatilho para o desenvolvimento de outras doenças.

Para Charles Betito, especialista em saúde mental e sono, estamos diante de uma epidemia silenciosa. “Quando o sono não é prioridade, todo o resto perde equilíbrio. Sem descanso adequado, fica muito mais difícil lidar com os desafios do dia a dia”, alerta. Ele defende que o sono deve ser encarado como um dos pilares fundamentais do autocuidado, ao lado da alimentação equilibrada e da prática regular de exercícios.

Noites mal dormidas vão muito além do cansaço. Para o especialista elas afetam o humor, a memória, a criatividade e até a capacidade de tomar decisões. Estudos recentes já relacionam a falta de sono a um risco até 50% maior de obesidade, além de contribuírem para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, diabetes e problemas hormonais. Betito alerta ainda que, embora o corpo possa estar exausto, é a mente em “modo alerta” que muitas vezes impede o adormecer. “Aprender a acalmar a mente é crucial”, reforça.

Mitos e verdades sobre o sono

Para desmistificar as crenças populares que muitas vezes atrapalham mais do que ajudam quando o assunto é sono, o especialista reuniu uma série de mitos e verdades baseados em evidências científicas e na sua experiência com saúde mental.

Segundo o especialistas, informações equivocadas, como “basta estar cansado para dormir” ou “compensar o sono no fim de semana resolve”, acabam criando hábitos que comprometem ainda mais a qualidade do descanso. “Entender o que realmente influencia o sono é o primeiro passo para melhorar sua qualidade de forma duradoura”, afirma. A seguir, ele comenta os principais mitos e verdades sobre o tema:

Dormir pouco só afeta o cérebro

Mito: Na verdade, impacta também o metabolismo, o coração e o sistema imunológico.

Cochilar durante o dia atrapalha o sono noturno

Mito: Cochilos curtos, de até 30 minutos, ajudam na performance e não prejudicam o sono à noite, se feitos até o meio da tarde.

Álcool ajuda a dormir melhor

Mito: Apesar de induzir o sono, o álcool prejudica suas fases mais profundas, essenciais para o descanso e recuperação emocional.

Meditação ajuda a dormir melhor

Verdade: Técnicas de relaxamento reduzem a ansiedade e facilitam o adormecer.

Ansiedade e insônia estão diretamente relacionadas

Verdade: Gerenciar a ansiedade é essencial para combater a insônia.

É possível compensar o sono perdido no fim de semana

Mito: O sono não se recupera assim tão facilmente, esse hábito desregula o ritmo biológico e pode até agravar os danos à saúde.

Idosos precisam dormir menos

Mito: Eles precisam do mesmo tempo de sono, mas podem ter mais dificuldade em manter a qualidade, exigindo cuidados especiais.

Remédios são a melhor saída para a insônia

Mito: Existem abordagens científicas eficazes e sustentáveis que não envolvem o uso de medicamentos.

Estar fisicamente cansado garante sono de qualidade

Mito: Sem acalmar a mente, o corpo cansado não garante um sono reparador.

Dicas práticas para dormir melhor

Betito também compartilha orientações simples, acessíveis e cientificamente embasadas que podem transformar a qualidade do descanso noturno.

Suas recomendações vão desde ajustes na rotina e no ambiente do quarto até técnicas de relaxamento e higiene do sono, que ajudam o corpo e a mente a entrarem em um estado propício para um sono profundo e reparador:

  • Estabeleça horários regulares para dormir e acordar, inclusive aos fins de semana.
  • Reduza o uso de telas e a exposição à luz azul à noite.
  • Crie um ambiente propício ao sono: escuro, silencioso e com temperatura confortável.
  • Pratique técnicas de relaxamento antes de dormir, como respiração profunda ou meditação guiada.

“Dormir bem não é luxo, é necessidade. Em um mundo acelerado, quem aprende a respeitar o próprio ritmo e prioriza o sono está um passo à frente no cuidado com a saúde e no equilíbrio emocional”, finaliza o especialista.

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