,

Estamos criando crianças que não sabem brincar

Crianças passam, em média, 2 horas e 19 minutos por dia em dispositivos eletrônicos.

Avatar de Redação RS

|

03/04/25

às

13:44

Imagem destacada Redacao RS 2025 04 03T133544.682

O brincar sempre foi a principal atividade da infância, essencial para o desenvolvimento cognitivo, emocional e social das crianças.

“Vivemos uma era em que as brincadeiras tradicionais perdem espaço para telas, aplicativos e jogos digitais, colocando em risco um dos pilares fundamentais da construção infantil. Essa transformação afeta não apenas o comportamento das crianças, mas também a maneira como elas aprendem, interagem e enfrentam desafios”, ressalta Renata McGarr, fundadora da Five Little Monkeys.

De acordo com um estudo da Common Sense Media, crianças entre 0 e 8 anos passam, em média, 2 horas e 19 minutos por dia em dispositivos eletrônicos, enquanto adolescentes chegam a consumir mais de 7 horas diárias de telas.

“Esta imersão excessiva impacta diretamente a criatividade, a capacidade de socialização e a saúde mental dos pequenos. A ausência do brincar livre reduz a experimentação, a solução de problemas e a construção de relações interpessoais sólidas”, destaca Renata.

A indústria de brinquedos reflete essa nova realidade, dados da Euromonitor International apontam que, em 2023, houve uma queda significativa na venda de brinquedos tradicionais, enquanto o segmento de dispositivos eletrônicos infantis cresceu expressivamente.

“Bonecos, jogos de tabuleiro e brinquedos educativos estão sendo substituídos por aplicativos e gadgets interativos, moldando a forma como as crianças se relacionam com o entretenimento. O avanço tecnológico, apesar de trazer benefícios, não pode substituir a importância da interação física e das experiências sensoriais proporcionadas pelo brincar livre”, diz Renata.

Para Renata, o cenário não é irreversível. “O resgate do brincar passa pela conscientização dos adultos sobre a importância de equilibrar o uso de telas e incentivar atividades lúdicas, por pais que estabelecem limites para dispositivos eletrônicos e promovem brincadeiras ao ar livre, e assim, contribuem para o desenvolvimento mais saudável de seus filhos e, por fim, passa pelas escolas e espaços públicos que desempenham um papel crucial ao valorizar brincadeiras coletivas e proporcionar ambientes propícios para a interação social”, ressalta.

“O brincar é um direito da criança e uma necessidade para seu crescimento integral. Resgatar essa prática é garantir que futuras gerações sejam mais criativas, sociáveis e emocionalmente equilibradas. O compromisso com a infância deve estar acima das conveniências tecnológicas, pois brincar não é apenas uma atividade recreativa, mas sim uma forma essencial de aprendizado e desenvolvimento humano”, finaliza Renata.

Tópicos