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Oftalmologista explica como metanol afeta visão após ingestão de bebidas contaminadas

O Brasil já tem 59 casos em investigação de intoxicação por metanol.

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02/10/25

às

23:02

Atualizado em: 02/10/2025 às 23:11

metanol

Foto: Divulgação/Governo de SP

O Brasil registra 59 casos em investigação relacionados à intoxicação por metanol até a tarde desta quinta-feira (2).

O balanço foi apresentado pelo ministro Alexandre Padilha, em entrevista à imprensa na Sala de Situação, instalada pelo governo para monitorar os casos no país.

Ao todo, o ministério já confirmou 11 casos por meio de detecção laboratorial da presença do metanol por um Cievs (Centro de Informações Estratégicas e Resposta de Vigilância em Saúde).

Há relatos de complicações graves, incluindo ao menos uma pessoa que perdeu completamente a visão após beber. O metanol é um álcool usado industrialmente em solventes e outros produtos químicos, é altamente perigoso quando ingerido. Inicialmente, ataca o fígado, que o transforma em substâncias tóxicas que comprometem a medula, o cérebro e o nervo óptico, podendo causar cegueira, coma e até morte.

O oftalmologista Leiser Franco comenta sobre o consumo desse produto. “Existe um período de latência, de 6 a 12 horas após a ingestão e a intoxicação e, obviamente, é diretamente proporcional à quantidade de metanol que foi ingerido. Inicialmente, o paciente pode ter um pouco de dor de cabeça, confusão mental, dores abdominais, o quadro neurológico pode evoluir com uma confusão mais intensa e turvação da visão”, ressaltou.

O risco de perda da visão está relacionado à forma como o organismo processa essa substância. Quando o metanol é ingerido, ele é metabolizado pelo fígado e transformado em formaldeído e ácido fórmico, extremamente tóxicos.

Esse último interfere diretamente na produção de energia das mitocôndrias, estruturas celulares fundamentais para o funcionamento das células nervosas do nervo óptico. Sem energia suficiente, essas células não funcionam corretamente e podem entrar em colapso, causando inchaço e pressão dentro do nervo.

Franco cita alguns sintomas que podem ser observados nos pacientes. “Depois que o metanol é metabolizado, ele forma seus produtos tóxicos para o organismo e tem uma predileção por uma lesão no nervo óptico, levando a uma turvação da visão, um embaçamento da visão. Alguns pacientes relatam a percepção de uma névoa e também a perda de visão definitiva em casos mais graves. Nos casos neurológicos, esse quadro de confusão mental se acentua, podendo evoluir para coma e, se não tratada, até a morte”, disse.

Pessoas que tenham consumido bebidas alcoólicas e manifestem qualquer um dos sintomas associados à intoxicação por metanol devem buscar imediatamente algum serviço de emergência médica.

“O diagnóstico do grau de lesão do nervo óptico envolve exames como a acuidade visual, que mede a capacidade de enxergar detalhes; a avaliação do campo visual, que verifica a visão periférica ou de canto de olho; e testes de resposta da pupila à luz e percepção de cores”, completou Franco.

Franco explica ainda que, se possível, é importante guardar as embalagens ´- já que o metanol passa despercebido e só pode ser identificado via laboratorial.

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