Com importância histórica destacável, tendo sido um dos principais núcleos de povoamento do Estado do Rio Grande do Sul no século XVIII, sede do governo estadual entre 1763 e 1773, palco de operações militares na Guerra dos Farrapos (1835-1845), entre outros fatos memoráveis, Viamão mantém uma enorme relevância socioambiental no século XXI.
O maior e mais biodiverso município da Região Metropolitana de Porto Alegre tem chamado a atenção de cientistas, ambientalistas, jornalistas e moradores que prezam pela preservação ambiental e pela busca de um modelo de desenvolvimento sustentável que preserve sua história e riquezas naturais.
Enquanto preparam o I Atlas Socioambiental de Viamão, sob a coordenação-geral do professor Rualdo Menegat, do Instituto de Geociências da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), membros da sociedade civil lançam a 2ª edição da Revista Todo Dia é Dia da Natureza com Viamão como território da publicação na qual se busca promover reflexão sobre cidadania, cultura e sustentabilidade.
Com a idealização de Icco Feijó, morador da cidade, pedagogo de formação e ambientalista; e edição da jornalista Silvia Marcuzzo, que compõe também a coordenação do Atlas Socioambiental do município, a revista será lançada em 29 de outubro, às 18h, no auditório da Faculdade de Educação da UFRGS (Campus Centro).
O pensar global e agir localmente se materializa nas páginas da 2ª edição da revista que tem a cidade de Viamão como território das pautas abordadas, entre elas o tema da educação ambiental.
“O momento histórico demanda regeneração ecológica, mais consciência e tecnologias focadas na busca de soluções para os problemas gerados por uma visão eurocêntrica”, explica Feijó.
Riqueza
A área de Viamão é mais de três vezes o tamanho da Capital e seu território guarda riqueza multidimensionais reunindo história, distintas paisagens e biodiversidade únicas que podem ser conhecidas na publicação.
Entre elas, o Parque de Itapuã, áreas de resistência da etnia mbya guarani e quilombolas, a maior produção de arroz agroecológico da América Latina, entre outras singularidades.
O projeto de se construir um aterro sanitário para receber o lixo domiciliar de cerca de 50 municípios se encontra em fase de licenciamento na Fepam) e motivou a comunidade e especialistas para a construção do Atlas Socioambiental de Viamão.
O Atlas está em pleno desenvolvimento e nasceu da mobilização contra o “lixão”. Com o foco em Viamão a publicação reúne artigos, reportagens, mapas e imagens que servem para a reflexão sobre o território. A revista tem também como propósito mostrar que Viamão e os desafios que o município enfrenta pode servir de exemplo a outras localidades que seguem a mesma lógica de um modelo de desenvolvimento predatório aos seres vivos, incluindo a espécie humana.
“Esse projeto visa trazer à tona o quanto Viamão oferece possibilidades para se tornar um polo de empreendimentos e de conhecimento para práticas sustentáveis”, ressaltou Silvia.
Mobilização
A mobilização contra o aterro, nos Distritos do Passo da Areia e Itapuã/Cantagalo, zona rural de Viamão, região de preservação ambiental, com nascentes de água, produção de alimentos orgânicos e territórios indígenas, teve início em 2019, e desde então foi permeada por intensas manifestações.
No dia 12 de julho de 2024, a Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul, por meio dos núcleos de Defesa Ambiental e da Defesa da Igualdade Étnico-Racial, emitiu uma recomendação à Fepam, na qual pediu a realização de uma consulta prévia, livre, informada e de boa-fé aos povos indígenas Mbya Guaranis que serão impactados pela possível instalação do aterro sanitário em Viamão.
Segundo os ambientalistas, isso afetaria diretamente comunidades locais e ecossistemas importantes, como a Área de Proteção Ambiental do Banhado Grande e o Banhado dos Pachecos.

Serviço
O quê: lançamento 2ª edição da revista Todo Dia é Dia da Natureza
Quando: 29/10 – terça-feira
Horário: 18h
Onde: Auditório da Faculdade de Educação da UFRGS (Campus Centro) – Av. Paulo Gama, s/n.