O preside da AMRIGS (Associação Médica do Rio Grande do Sul), Gerson Junqueira Jr, afirma que o Estado enfrenta, neste momento, um cenário crítico na saúde pública.
“As emergências, tanto na rede pública quanto na privada, estão superlotadas, com ocupações que ultrapassam os 300% em algumas unidades. A situação revela uma pressão insustentável sobre o sistema de saúde, especialmente diante do aumento expressivo de internações por síndromes respiratórias agudas graves (SRAG)”, ressaltou Gerson.
Na tentativa de conter os impactos, a Prefeitura de Porto Alegre decretou emergência em saúde pública no dia 17 de maio, medida que foi seguida pelo governo do Rio Grande do Sul no dia 19 de maio. A cidade Vacaria decretou na quinta-feira (22).
“A decisão é estratégica: além de reconhecer oficialmente a gravidade do quadro, permite a busca de recursos junto ao Ministério da Saúde, viabilizando a contratação de profissionais, a aquisição de insumos e a reorganização da rede hospitalar para lidar com o surto”, disse o presidente da AMRIGS.
O decreto estadual, assinado pelo governador Eduardo Leite, tem validade de 120 dias.
“Esses pacientes, geralmente, necessitam de tratamento mais intensivo, com internação em Unidades de Terapia Intensiva e suporte ventilatório. Por isso, a estrutura hospitalar precisa estar devidamente preparada para acolhê-los. Fala-se, inclusive, em uma “Operação Inverno” para garantir a capacitação da rede hospitalar e também da Atenção Básica, promovendo uma resposta mais coordenada em todos os níveis do sistema de saúde”, segue Gerson.
Vacinação
Para Gerson, um fator agravante é a baixa cobertura vacinal. Até 15 de maio, apenas 28,5% dos grupos prioritários — como crianças, gestantes e idosos — haviam se vacinado contra a gripe no Rio Grande do Sul.
“Esse índice está muito abaixo da meta de 90% estabelecida pelas autoridades de saúde. A vacinação é fundamental, protege o indivíduo e contribui para frear a circulação de vírus, aliviando a pressão sobre os hospitais”, ressaltou o médico.
“O enfrentamento dessa crise exige mais do que medidas emergenciais. É preciso planejamento contínuo, com investimentos em infraestrutura, ampliação do acesso e campanhas educativas eficazes. O problema se repete todos os anos, mas tem se antecipado e se intensificado”, ponderou.
“Superar esse momento requer responsabilidade coletiva. Com a união de esforços entre população, profissionais de saúde e gestores públicos, poderemos fortalecer o sistema e oferecer um atendimento mais digno à sociedade”, finalizou Gerson.
